Texto 3: Experiência de Deus - Maria, geradora de vida | Animação Vocacional Capuchinha - OFMCAP

Texto 3: Experiência de Deus - Maria, geradora de vida


Experiência de Deus em Maria

            Vimos nos textos um e dois, que Deus Trindade tem um Projeto, seu Reino. Esse Projeto foi iniciado, mas sua continuidade implica na participação humana, pois Deus quis nos incluir nessa construção. O que refletiremos neste terceiro texto é como a humanidade é envolvida neste Projeto. Maria, primeira cristã, é a mulher escolhida para representar toda humanidade na concretização do sonho de Deus, a vinda de seu Filho.
            No Evangelho, Lucas (Lc 1,26-38) mostra como se dá o processo da encarnação através do diálogo do Anjo com Maria. É nesse diálogo que podemos nos ver em Maria recebendo a proposta vocacional de Deus, pois a humanidade aparece em sua dupla dimensão: a fragilidade ao ter dificuldade de entender a proposta e sua coragem ao dizer sim. Não foi fácil para Maria, adolescente, solteira, dizer sim para uma gravidez ‘inexplicável’, era motivo para morte por apedrejamento. Contudo sua abertura para o discernimento diante da Experiência de Deus a faz compreender a grande graça que lhe é oferecida.
Perceber-nos na vocação de Maria é perceber as implicações que o sim teve em sua vida e comparar com as consequências que um ‘sim’ terá em nossas vidas. É abrir-nos para as propostas expressas na primeira e segunda lições e ampliar as possibilidades da ação de Deus em nossas vidas, dando espaço para a pergunta do Anjo.
Se refletir sobre o ‘sim’ é difícil, é preciso perceber primeiro se há um espaço para essa pergunta em nós. Dar espaço é deixar Deus agir em nossas vidas. É oferecer ‘vazios’, aberturas que podem gerar possibilidades que nos levem a questionar nossa existência e, consequentemente, a busca de um sentido, significado para ela. Maria, ao dar esse espaço, começa descobrir que sua vida ganha maior sentido quando se abre para o ‘sim’.

O sim que se desdobra enquanto doação

O ‘sim’ de Maria a desinstala do seu cotidiano, abrindo novos horizontes, fazendo com que ela doe não somente seu ventre, mas seus serviços e capacidade de se fazer presente na vida de quem precisa (Lc 1,39-45). Maria poderia se sentir superiora por gerar Deus no ventre e fazer desse feito um motivo de vanglória, mas ao contrário, a gestação divina não é sinal de vaidade para essa simples mulher.
Ao assumir o ‘sim’, Maria assume todo o Projeto do Pai e se torna serviço. Maria vai ao encontro de sua prima Isabel, já em idade avançada e grávida de seis meses (Lc 1,36). O ‘sim’ a torna mais sensível às necessidades dos que mais precisam e sai ao encontro como missionária que leva a Boa Nova no ventre e na atitude.
Esta atitude de Maria revela a grandeza do seu ‘sim’. No que parece um pequeno gesto de solidariedade é revelada a grandeza de uma vida doada (Lc 1,44). Do ‘sim’ verbal ao sim gestual, Maria revela, na atitude, o que traz no ventre, a força e do dinamismo capaz de mover o mundo.

A encarnação como possibilidade de divinizar a humanidade

 Os passos até agora dados mostram que o evento da Encarnação não foi algo mágico e que não foi o ‘sim’ somente verbal que provocou grandes mudanças. Foi uma resposta grandiosa que gerou não somente uma gravidez, mas atitudes que confirmaram o compromisso assumido. O ‘sim’ foi uma atitude que possibilitou a encarnação de Deus e com ela a possibilidade de divinizar a humanidade. É descendo até nós que Deus nos mostra como Ele é e como nós devemos ser.
Um grande aprendizado neste encontro do divino com o humano é a mútua abertura para que se tornasse realidade o que já estava anunciado. Deus mostra sua abertura para nós ao deixar as alturas celestes para ser um conosco, pedindo a uma mulher para ser portadora da boa nova. Maria responde com total abertura ao dizer ‘sim’ e se entregar de forma definitiva. O que possibilita o trânsito da graça entre essas duas aberturas, o querer de Deus em estar em nosso meio e a disposição de Maria para acolher e se colocar a serviço do sonho divino.
Ao se abrir ao Projeto de Deus, Maria se torna um instrumento nas mãos de Deus que a capacita como a grande mediadora da boa nova, da salvação e da graça. O ‘sim’ de Maria possibilita a realização da vontade de Deus, mas dá início a um dinamismo, na vida dessa jovem, capaz de transformar todo seu futuro, pois este destino passa a ser marcado fortemente pelo destino de seu Filho Jesus.
Maria se faz oferta viva para Deus e em sua liberdade assume uma corresponsabilidade na edificação do Reino. Essa atitude é um convite para cada um de nós e, especialmente, através destas lições vocacionais, a você que acompanha estas linhas. É preciso atulizarmos essa atitude de Maria hoje: como nos fazermos coparticipantes da Boa notícia? Que oferendas devemos ser?

 Ir ao Encontro de Jesus e levar a minha oferta

A atitude dos reis magos (Mt 2,7-12) pode ajudar diante das perguntas que querem nos incluir nesta história da Salvação.  A atitude de Maria em sair de sua casa, lugar de tranquilidade, e ir ao encontro de Isabel para ajudá-la, é parecida com a atitude dos reis que deixam suas terras (reinados) e vão ao encontro da Boa Nova. Esta é a atitude de quem se propõe na dinâmica vocacional do Reino de Deus. Sair de si mesmo, de suas comunidades e seguranças do dia-a-dia e ir ao encontro com o outro, com a outra, é o que sinaliza que estamos compreendendo o que Deus quer de nós.
Dada a importância de se abrir para ir ao encontro, vem a questão seguinte: como chegar até Deus e o que nos leva a Ele? É possível perceber que a abertura para acolher o chamado de Deus já possibilita perceber os sinais, as dicas que vão aparecendo como respostas diante das questões que trazemos. Os reis magos nos mostram que a abertura exige movimento, eles se colocam a caminho, vão procurar onde está o menino. Ao percorrer o caminho aparece a luz, a estrela que os guia (Mt 2,9). O segundo passo é dado porque houve um primeiro, o de se colocar no caminho. Ao percorrer o caminho, em movimento, buscando, questionando, os sinais vão aparecendo e é preciso saber compreendê-los.
Colocar-nos no caminho e perceber se estamos no itinerário certo não é fácil, isso exige discernimento para não nos enganarmos com outras propostas. Os reis magos também passaram por dificuldades e receberam outras propostas que poderiam levar ao aniquilamento do Projeto de Deus (Mt 2,7-8). Discernir significa saber olhar onde brilha a estrela, é preciso ‘fixar a mente e os olhos em Jesus (Hb 3,1)’ percorrer novos caminhos, seguir a estrela como os magos, e encontrar Jesus, com José e Maria, provendo encontros diferentes, com gente diferente, com culturas diferentes. E proclamar profeticamente que o Senhor está chegando, como libertador de todas as opressões, e que seus sinais se manifestam, quando nos colocamos a caminho, perseguindo sonhos e assumindo as lutas concretas dos pobres e de todos os que com eles se fazem solidários, contra todas as violências de Herodes de ontem e de hoje. Perceber a presença e o poder dominante de Herodes é ficar consciente de que existem propostas que podem nos tirar o foco, podem trair o Projeto de Deus de forma sutil e enganosa.
Vencendo os obstáculos do caminho e mantendo fidelidade ao propósito, os reis magos conseguem chegar ao encontro de Jesus (2, 11). Aproximar do Menino Deus é acercar-se da família, da comunidade, é estabelecer encontro com o/a ‘outro/a’ que precisa da gente. É ajudando que se é ajudado/a, é aproximando-se da necessidade alheia que descobrimos nossas necessidades e potencialidades.
Os presentes que os reis magos levam são conteúdos que expressam o que cada um tem de melhor para oferecer. É o potencial e possibilidade que cada um tem para se aproximar, guiado pela estrela que é a luz do discernimento, percebendo onde está a motivação para a vida, onde se entregar os presentes, dons que devem ser partilhados para gerar mais vida.
As visitas dos reis magos, dos pastores e demais vizinhanças ao presépio, lugar da novidade e da graça, foi indicando a missão que Maria estava assumindo. Duplamente exigente e comprometedora: ao favorecer a inserção de Deus em nossa história humana, Maria se faz portadora da Boa Notícia que se espalha. Essa notícia traz visitas que sinalizam que seu ‘sim’ envolverá sua pessoa inteira, fazendo-a toda missionária. Os reis com seus presentes tornam o itinerário de Maria comprometedor com sua causa, com seu Reino.

O sim transformado em um Projeto

O desdobramento da proposta que fazemos, com estas reflexões neste terceiro texto, apontará quatro aspectos da vida de Maria que revelam que seu ‘sim’ inicial é sustentado até o fim como compromisso com o Reino de Deus.
O primeiro evento retrata o compromisso com a educação de seu filho na Fé. Os pais de Jesus o levam para ser apresentado no templo, segundo as orientações religiosas (Lc 2,22-24) mostrando o cuidado de seus pais na educação religiosa do Filho de Deus. O segundo texto mostra José e Maria à procura de Jesus, encontrando-o no templo (Lc 2,41-50), revelando a preocupação dos pais com o filho. No terceiro texto, Maria aparece atuando na missão de Jesus, mostrando uma presença atenta, capaz de ajudar seu filho a visualizar as necessidades de seu povo (Jo 2,1-11). No quarto texto Maria aparece em momento muito difícil na vida e missão de Jesus, sua morte (Jo 19,25). Por fim Maria aparece dando continuidade à missão junto aos apóstolos, após a morte e ressurreição de seu Filho (At 1,12-14).
Estes textos, nesta sequencia, querem mostrar que o ‘sim’ não foi uma resposta solitária em um momento de emoção pela presença do Anjo, mas se tornou um projeto de vida que foi desde a concepção, passando pela paixão, cruz e ressurreição e seguindo à organização das primeiras comunidades. Este é um testemunho vocacional que nos convida a pensarmos sobre o compromisso que fazemos com o Projeto de Deus que vai além de um momento emotivo.

Questões

1)      Sobre a experiência de Deus em Maria, reflita:

A – Maria não se sente preparada, mas dialoga e assume a proposta do Anjo.
B – Maria diz sim e se põe a serviço, vai ao encontro de quem mais precisa, sua prima Isabel.
C – O sim de Maria foi fácil, pois era uma mulher santa.

2)      Sobre a encarnação do verbo:

A – Maria não teve opção, pois Deus já havia escolhido seu nome para ser a mãe de Jesus.
B – Já recebemos a divindade quando Deus se encarnou, não precisamos fazer nada para contribuir.
C – Ao dizer sim, Maria contribui com o Projeto de Deus e se compromete com a história da Salvação.

3)      Observando a presença dos reis magos:

A – A atitude dos reis magos mostra que é necessário ir em busca e percorrer o caminho para encontrar nossos ideais.
B – Os presentes que os reis magos ofertam para o Menino Deus sinalizam que nós sempre temos algo a oferecer diante de nossas buscas.
C - Todo mundo tem que se orientar por uma estrela para encontrar Jesus.


Referências


Bíblia Sagrada: Lc 1,26-45.2,22-24.41-50; Mt 2,7-12; Hb 3,1; Jo 19,25;

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